Projeto: Alojamento local – Lisboa

Este apartamento foi, para mim, um exercício de escuta.

Quando entrei pela primeira vez, percebi que o espaço não pedia transformação. Pedia respeito. Os pés-direitos altos, os estuques trabalhados, a luz atravessada pelas janelas antigas, tudo isso trazia uma história que eu não queria apagar. Quis dar-lhe continuidade, não ruído.

Restaurar foi mais do que recuperar. Foi fazer com que o tempo voltasse a circular entre as paredes. Trouxe materiais honestos, texturas suaves, formas que se integram sem esforço. A luz guiou-me em quase todas as decisões. Quis que ficasse tudo leve, mas com estrutura. Simples, mas não vazio.

Escolhi peças que têm presença, mas não se impõem. Cada objeto, cada linha, está onde faz sentido, para ser usado, vivido, sentido com o corpo.

Este é um espaço para respirar devagar. Mais do que decorar, quis dar lugar. E devolver a este apartamento aquilo que ele já tinha: uma certa elegância tranquila, que só precisava de voltar à superfície.